Como o feudalismo, mercantilismo actuou de diferentes formas em diferentes países, mas a ideia básica que lhe estava subjacente era sempre a mesma – o governo deve gerir a economia com o alvo de aumentar a riqueza nacional e o poder do Estado.
O governo devia (1) estimular a saída de bens domésticos, (2) limitar o consumo interno, (3) impor taxas às importações e (4) tentar criar uma balança de comercio favorável (mais exportações que importações). Como as importações tendiam a ser produtos de ostentação, as leis sumptuárias destinadas a regulamentar a extravagância e o luxo atingiram em força os ricos precisamente quando melhoravam a balança comercial.
A acumulação de capital financeiro pela classe mercantil permitiu-lhe alargar o simples sistema fabril. Uma tal produção não constituiu a moderna fábrica, mas aumentou o grau de especialização e produtividade smithiana.
O interesse dos mercantilistas no ouro e na prata deu-lhes consciência de uma relação directa entre a quantidade de dinheiro e o nível dos preços. À primeira vista, pareceria contraditório estimular o influxo de ouro através de uma balança de comercio favorável. Preços nacionais mais elevados diminuiriam então as exportações e lá ia o apreciado excedente do comércio.
Ouro abundante “despertaria o comércio”, escreveram os mercantilistas, provocando níveis mais elevados de produção que faria mais do que espoletar qualquer aumento do preço da mesma origem. Consideravam essencial uma expansão do dinheiro e do crédito para o crescimento imparável do comercio.
Os fisiocratas
Os fisiocratas defendiam que a terra era a única riqueza real porque permitia que a agricultura produzisse um produto líquido positivo para além dos seus custos de produção. Ao contrario da agricultura, a manufactura produzia apenas tanto quanto recebia e, portanto, não gerava excedentes.
Os camponeses recebiam pagamentos em numerário pelas suas colheitas, mas tinham de entregar esse dinheiro como renda aos que haviam comprado ou alugado a terra da Igreja e do rei – os proprietários fundiários.
O ataque fisiocrata contra o mercantilismo intentava eliminar a isenção tributaria dos terra-tenentes feudais, o intolerável fardo fiscal lançado sobre os camponeses, e o estatuto protegido dos manufacturadores. Toda a terra devia ser taxada, concluíam os fisiocratas, uma prespectiva a que apenas franziam os olhos a nobreza e o clero. O comércio livre devia substituir as tarifas mercantilistas.
Smith e a sua teoria do desenvolvimento e crescimento económico
O papel do interesse próprio
Smith escreveu: “Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro, que esperamos o nosso jantar, mas da atenção que ele presta ao seu próprio interesse.”
A acção auto-interessada de uma pessoa “é boa” apenas se limitada pelas acções de interesse próprio dos outros.
A divisão do trabalho
O crescimento da produção e das vendas de bens e serviços aumenta a riqueza das nações (PIB). A divisão de uma tarefa particular num certo número de tarefas separadas; Desenvolver-se-ia diferentes ocupações-especialistas e a técnica de cada trabalhador aumentaria.
A lei natural e a propriedade privada
Se algém tivesse acumulado uma grande quantidade de propriedade privada, deve ter sido por vontade da máquina. Uma vez acumulada a propriedade, a sua protecção era um direito naturalporque pertencia àquele que a produzira. A acumulação tornava-se uma virtude.
Smith transformou as virtudes da lei natural em pré-requesitos do que mais tarde seria chamado capitalismo.
Sem propriedade privada, o patrão não pode reunir os meios para criar e equipar fábricas e fornecer emprego para elas e um fundo de salaries para os outros. Tudo isto era o melhor para a sociedade e, portanto, devia avançar naturalmente sem quaisquer restrições governamentais.
A teoria do valor do trabalho
Para a teoria do valor do trabalho o valor é o equivalente ao tempo de trabalho exigido para o produzir.
No “primitivo e rude estado da sociedade” anterior à acumulação do capital e à posse da terra, dizia Smith, os produtores são trocados em proporção com o total de mão-de-obra exigida para os produzir. Numa nação de caçadores, sugeria num famoso exemplo, se para caçar um castor são preciso dois homens e um para caçar um veado, então um castor vale dois veados. O dinheiro não estaria envolvido em tal transacção.
Para Smith o empregador deve pagar um salário diferente ao do valor que a mão-de-obra lhe atribui. Smith termina fazendo pouco uso de uma teoria de valor de trabalho.
O mecanismo de mercado e os seus ganhos mágicos
As mudanças na oferta e na procura levarão o preço de um produto a aumentar ou a cair à volta do preço natural, mas o efeito destas flutuações sobre o preço são temporárias porque, segundo Smith, o preço natural a longo prazo é estabelecido pelos custos de unidade de produção.
O preço de cada produto resolve-se na soma das "taxas naturais de salários, lucro e rendas".
O conhecimento dos preços e das lojas por parte dos clientes e a mobilidade dos recursos limita a capacidade de qualquer simples fornecedor influenciar os preços. O auto-interesse social é mantido em respeito pelo auto-interesse dos outros. Um indivíduo é "levado por uma mão invisivel a promover um fim que não participa na sua intenção."
As leis do mecanismo de mercado também determinam a quantidade de bens produzidos.
Na visão de Smith, o bem-estar está no ponto mais alto quando os mercados irrestritos servem as necessidades e os desejos do consumidor.
Smith eliminou o velho e doloroso dilema moral entre egoísmo individual e a ordem social.
Smith, a realidade e as visões vindouras
Smith era a favor da provisão governamental de segurança militar, da aplicação da justiça e de obras e instituições públicas sem fins lucrativos. (...) o direito do governo impor tarifas para combater tarifas, punir a fraude comercial, regular a banca, fornecer uma rede de correios, estradas, etc.
Bentham e Malthus:
o hedonista e o "pastor"
Um esboço dos economistas clássicos
A lei de Say, a produção na competição do mercado livre gera sempre um total equivalente de procura de bens produzidos. Se uma mercadoria particular é produzida em excesso, pode resultar uma superabundância parcial, mas será automaticamente autocorrigida em condições de competição. Se uma mercadoria tem um fornecimento excessivo e está a vender com prejuízo, outra será produzida em quantidade insufeciente e venderá a um preço sufecientemente alto para atrair os recursos não utilizados.
Como Smith, Say atribuía valor ao dinheiro apenas como meio de troca pelos bens. A acumulação de dinheiro, portanto, era considerado algo irracional e ninguém hesitava em gastar dinheiro em algo de valor.
(...) a procura total igualaria sempre a oferta total.
Os economistas clássicos não focavam a possibilidade de estanação económica.
Karl Marx adoptou algumas ideias de Smith e Ricardo - como a desconfiança dos monopólios e a teoria do valor de trabalho. Mas muito do que Marx tinha a dizer entrava em conflito com a ideia de Smith de que a harmonia social adviria da procura do auto-interesse e com a defesa de Ricardo e de Malthus do laissez-faire.
Malthus não compartilhava o optimismo de Smith, acreditando antes que o crescimento populacional desenfreado roubaria às pessoas os benefícios do capitalismo.
Os filósofos radicais, em especial Jeremy Bentham
Muito do pensamento económico pós-smithiano é influenciado de uma forma ou de outra pelos filósofos radicais.
hedonismo: Tudo quanto é bom é tambem necessariamente agradável.
utilitarismo, a crença de que a conduta individual bem como a política governamental deve ter como alvo promover a maior felicidade para o maior número de pessoas.
Contudo, continua Bentham a dizer, as pessoas não associam necessariamente os interesses pessoais ao interesse geral e, portanto, o tipo de comportamento social exigido para a harmonia social tem de ser aprendido. (Está a refutar a afirmação de Smith em A Riqueza das Nações de que a procura do auto-interesse "natural" ou não aprendido contribui para a maior felicidade do maior número.)
À primeira vista, a utilidade à Bentham parece ser uma forma de tornar objectivo e quantificável o lado da procura do mercado, o lado fracamente abordado por Adam Smith e por outros economistas clássicos. A oferta baseava-se nos custos de produção e, portanto, tinha uma realidade objectiva. A utilidade e a procura, contudo, parecem ser subjectivas. Estão na mente do espectador. Apesar de tudo, Bentham prende a imaginação dos economistas e a sua preferência por ser objectivo ao usar o dinheiro como medida de prazer e dor. Esta prespectiva antecipou as ecolas marginalistas dos anos 1870, que continua a instruir os jovens economistas.
Esta noção - que cada unidade extra de dinheiro fornecia menos prazer que a última - ia tornar-se o princípio da diminuição da utilidade marginal do dinheiro.
Thomas Malthus e a bomba populacional:
um relâmpago para os ignorantes
Malthus apontava um grande obstáculo à era de perfeita igualdade e felecidade visionada por Godwin: a tendência da população em aumentar mais depressa que os meios de subsistência.
Malthus acreditava que o sistema económico devia ser ditado pela ordem suprema, mas não concordava com Adam Smith que todas as consequências dessa ordem fossem necessariamente benéficas; (...) influenciado pela ética utilitarista de Bentham, tendia a ser muito conservador, mesmo reaccionário.
A distribuição do rendimento:
Ricardo versus Malthus
À medida que desaparecia o velho mundo do mercantilismo, começava a emergir um novo "homem económico" - trabalhador, enérgico, self-made. As suas virtudes eram autonegação, autodisciplina, iniciativa e uma vontade de assumir riscos para lucro pessoal. Não podia permitir o laxismo nos trabalhadores ou ver qualquer valor na segurança social.
Embora Adam Smith não apreciasse muito os mercadores e tivesse desprezo pela aristocracia fundiária, a sua grnde visão tinha elementos díspares da economia combinados numa harmonia de interesses para uma rápida progressão ascendente da sociedade. Contudo, ao contrário das expectativas de Smith, com o aumento da mecanização, os choques dos interesses económicos também aumentaram.
O debate sobre as leis do milho
(...) preços mais altos (...) significaria que os industriais tinham de pagar salários mais altos.
lei dos lucros diminutos: Quanto mais aumentar a produção de um artigo de igual qualidade enquanto a quantidade de todos os outros artigos de desigual qualidade permanece imutável, tanto mais pequena será a adição resultante à produção porque o valor acrescentado tem cada vez menos porções dos outros artigos com os quais trabalhar. Ou seja, (...) quanto maior a população com quantidade de terreno fixado, tanto mais alto deve ser o preço da alimentação, mesmo que seja maior a produção total de alimentos. (...) Ricardo formulou dividendos menores com solos de qualidade menor.
Desacordo quanto à "renda"
Ricardo produziu a sua teoria diferencial da renda...
O terreno mais fértil, dizia Ricardo, permite as maiores colheitas pelo menor trabalho e capital. Mas, como a população aumenta e a procura de cereais também, os terrenos de cada vez mais pobre qualidade têm de ser utilizados para agricultura. O mesmo número de trabalhadores e ferramentas produzirão menores quantidades de cereal em terreno pobre. O preço por medida de cereal será decidido pelo maior custo do cultivo nas parcelas de terreno mais pobre.
(...) o preço é estabelecido pelas circunstâncias menos favoráveis, com as quais a produção é levada a cabo. (...) Neste caso, então, o preço de mercado do cereal é de 2 libras. A seguir, consideramos os proprietários dos terrenos mais ferteis. Suponhamos que os donos das terras férteis produzem 1000 medidas - duas vezes mais - para as mesmas 1000 libras de custo total. O seu custo por medida é apenas 1 libra, mas podem vender ao dobro e escoam-se melhor a 1 libra por medida.
Para Ricardo, a renda económica é paga aos proprietários de terras "pelo uso dos poderes originais e indestrutíveis do solo".
Ricardo acreditava que a renda era um rendimento não ganho. (...) Ao contrário do pepel desempenhado pelos custos do trabalho, a renda não determina o preço do cereal. Pelo contrário, o preço do cereal decide o total da renda.
(...) a "renda" que os proprietários fundiários recebiam apenas da Natureza era injustificada porque era criada à parte do total de trabalho e capital necessários para a produção do cereal.
À medida que a população se expande a um ritmo malthusiano, menos terreno produtivo é cultivado, as terras mais pobres são lavradas, o custo de produção de uma medida extra aumenta e o preço dos alimentos dispara. Com preços mais elevados dos alimentos, os salários são apenas sufecientes para manterem o trabalhador vivo têm de ser mais altos que anteriormente. Contudo, os salários reais tendem a permanecer ao nível de subsistência, um princípio em geral chamado a lei de ferro dos salários.
Como Adam Smith, Ricardo defendia que o trabalhador era pago pelo fundo salarial capitalista. Salários mais altos significavam uma taxa mais baixa de lucro para os industriais, que então tinham um fundo menor para ser investido em novas fábricas, equipamento e ferramentas ou para contratar novos trabalhadores.
Entretanto, os donos de terras agrícolas estão melhores do que nunca. Os proprietários não utilizarão a sua renda para investir na manufacturação porque os négocios não estão a dar um lucro tão alto como a taxa das suas rendas, um dividendo não merecido do lazer.
estado estacionário - um declinío da taxa de lucro dos industriais e o seu amortecimento de acumulação levaria a esta estagnação. O crescimento da população cessaria, o investimento líquido seria zero e o rendimento per capita também estagnaaria. O comércio livre - a ausência de tarifas - atrasaria a chegada deste temível estado estacionário.
A água fria da pobreza
e o calor das paixões
de John Stuart Mill
Os trabalhadores no verdadeiro mundo industrial
no seu tempo, a Revolução Industrial não foi uma grande dádiva para os operários, embora a urbanização e o rápido crescimento populacional provavelmente contribuíssem mais para os bairros de lata urbanos do que o sistema fabril em si. Quanto mais o emprego fabril era alto, os operários tinham rendimentos mais elevados, mas a expansão da indústria em si não aumentou muito a sua fatia de riqueza da nação. Pelo menos até aos anos 1860, o padrão de vida da classe operária britânica não melhorou significativamente.
As ideias de Mill sobre a distribuição do rendimento
A sua mais importante e controversa descoberta foi a separação entre distribuição e produção.
Tal como Smith e Ricardo, Mill pensava que a taxa de lucro do industrial continuaria a cair e chegou mesmo a concordar com a explicação de Ricardo - o aumento inevitável do custo dos alimentos face ao crescimento da população na economia, nesta altura Mill começou a afastar-se dos seus famosos antecessores. Smith e Ricardo consideravam indesejável o estado estacionário; Mill via-o como a coroa de glória do progresso económico. E, ao contrário dos seus antecessores, Mill enfatizava a importância de uma distribuição mais igual do rendimento., um conceito relacionado com o estado estacionário.
(...) ensinar o uso da riqueza e uma apreciação dos objectos e do desejo. "cada melhoria real do carácter dos ingleses, quer consista em dar-lhes aspirações, quer apenas uma avaliação mais justa do valor dos seus actuais objectos de desejo, deve necessariamente moderar o ardor da sua devoção da procura de riqueza." A par do "homem económico" encontra-se o "homem não económico".
Mill não via razão para um crescimento continuado da produção, desde que o crescimento da população fosse limitado. E a educação adequada das massas, segundo Mill, controlaria a taxa de nascimentos. Para Mill, o estado estacionário era uma existência pastoral em que a justiça na distribuição do rendimento e da riqueza se situava acima de acumulação impiedosa.
A separação que Mill fazia entre a ciência da produção e as regras que regiam a distribuição baseava-se numa distinção entre lei natural e o mero costume... embora factores de produção devam estar combinados segundo princípios científicos, a distribuição dessa produção é uma questão social e as suas regras têm a ver com o costume.
Mas o que uma pessoa produziu pelo seu esforço individual, sem ajuda de ninguém, não poderá manter a menos que a sociedade lho permita. Onde Ricardo via a necessidade de permitir que o preço natural mude para evitar que o senhor fundiário açambarque todo o rendimento, Mill podia visionar uma lei que desalojava o proprietário da sua "própria" terra.
As ideias de Mill sobre a reforma
Mill via o estado estacionário como o primeiro estágio de um socialismo benevolente.
Era a favor da educação pública gratuita, da regulamentação do trabalho infantil, da nacionalização dos monopólios naturais como as companhias de gás e água, assistência pública para os pobres e, se os trabalhadores quisessem, a decisão governamental em favor de dias mais curtos de trabalho.
Curiosamente, o revolucionário Manifesto Comunista (1846) de Karl Marx e Friedrich Engels foi publicado no mesmo ano que os Princípios de Mill, mas as relativas melhorias das condições económicas nos anos 1860 e 1970, apesar de continuar a absoluta pobreza dos trabalhadores, mantiveram clandestinas as ideias "radicais" de Marx, dando origem ao emergente optimismo da economia inglesa e alimentaram o pensamento positivo de J. S. Mill. Nas muitas oportunidades que este teve de rever os Princípios, permaneceu um reformador.
Karl Marx
A influência de Hegel
Após qualquer instituição social ganhar o poder, é desafiado por outra. Hegel explica este processo por meio da dialéctica: um facto (tese) actua contra outro facto (antítese) para produzir um facto completamente novo (síntese).
Contudo, o progresso da humanidade rumo à auto-realização não é suave, porque a auto-alienação pode acontecer. Em certo sentido, Marx virou Hegel ao contrário. Em vez de ver o homem como auto-alienado, Marx via a religião organizada como um reflexo do homem auto-alienado.
Marx descreve uma luta de classes. Um grupo derruba outro e assim decide que sistema económico deve prevalecer. Instituições como a religião organizada retardam o progresso das classes sociais das mais baixas às mais elevadas e o processo histórico pode ser acelerado destruindo-as.
O ferrão da alienação económica
A alienação política, contudo, é uma realidade institucional e a sua resolução exige uma verdadeira revolução social, ou seja, um acto colectivo em que os cidadãos reclamam o poder social uma vez entregue ao Estado.
De acordo com Marx, as pessoas não conseguem desenvolver o seu pleno potencial humano por causa da sua devoção servil a produzir cada vez mais bens para o mercado. Eventualmente, os "espíritos animais" que levam as pessoas à acumulação do lucro revelar-se-á como sendo um mais baixo estágio do desenvolvimento humano.
Reduziu impiedosamente as cinzas os laços heterogéneos feudais que ligavam o homem aos seus "superiores naturais" e não deixou livre qualquer acesso entre homem e homem senão o auto-interesse cru e nu, senão o "pagamento em numerário". Submergiu os mais celestiais êxtases de fervor religioso, de entusiasmo cavalheiresco, de sentimentalismo, nas geladas águas do cálculo egoísta. Transformou o valor pessoal em valor de troca...
O sistema económico de Marx
Marx via o capitalismo apenas como um mal necessário, a ser ultrapassado por um estado mais elevado em que a propriedade privada não existiria.
A mais valia do trabalho: absoluta e relativa
Ele distingue entre mais-valia absoluta e mais-valia relativa. A primeira é o excesso do novo valor criado num dia sobre o valor do poder de trabalho, alargado apenas pela extensão do dia de trabalho (evocativo dos dias de trabalho de doze horas). A última surge das melhorias da tecnologia ao reduzir o tempo de trabalho exigido para produzir uma mercadoria e ao produzir um mais elevado grau de especialização do operário.
A mais-valia relativa corrompe absolutamente, porque é a razão subjacente à acumulação de capital. É algo que o manufacturador admira e procura. Quanto maior o capital e quanto mais elevado o estado da tecnologia, maior a produção da força de trabalho e, presumivelmente, maiores os lucros.
Esta acumulação primitiva desempenha na economia política mais ou menos o mesmo papel que o pecado original na teologia. Há muito tempo, havia dois tipos de pessoas: um, o escol diligente, inteligente e, acima de tudo, frugal; o outro, malandros preguiçosos, gastando o seu sustento e, pior ainda, vivendo dissolutamente... Assim, acabou por suceder que os primeiros acumularam a riqueza e os últimos não tinham nada para vender a não ser a própria pele. E deste pecado original data a pobreza da grande maioria que, apesar de todo o seu trabalho, não tem até agora nada mais para vender senão a sua própria pessoa e a riqueza de uns poucos que aumenta constantemente embora tenham há muito deixado de trabalhar. Uma infantilidade tão insípida como esta é-nos pregado todos os dias em defesa da propriedade.
O início do monopólio do capital
Marx considerava que a mudança de tecnologia além de aumentar a competição criava cada vez menos firmas mas maiores. Um mais elevado estado tecnológico exige um maior e maior capital para a produção. A competição permite que os fortes dominem tanto os fracos como os menos fortes, o que em última análise leva a práticas monopolistas. O monopólio de capital significa uma enorme riqueza concentrada nas mãos de uns poucos que podem tabelar o preço das mercadorias sem grande respeito pelo consumidor. Assim, os trabalhadores enquanto consumidores não conseguem obter os benefícios imaginados por Adam Smith.
A alienação dos trabalhadores
Smith dizia, "o homem cuja vida é gasta a realizar algumas operações simples... em geral torna-se tão estúpido e ignorante quanto é possível uma criatura humana tornar-se". A especialização da divisão do trabalho é má, concluía Marx, não apenas por causa da monotonia mas porque divorcia os operários dos seus camaradas de trabalho e do produto final.
O ciclo comercial
A Revolução Industrial começou com um excedente de trabalhadores agrícolas e da indústria caseira à procura de emprego nas fábricas. O excedente de trabalhadores permitiu que os donos das fábricas mantivessem a taxa salarial a um nível de subsistência (a férrea lei salarial de Ricardo) mas com a expansão da indústria, a procura de mão-de-obra aumentou até ao pleno emprego. Nestes níveis superiores de procura de mão-de-obra e de emprego, os donos do capital tinham de pagar salários cada vez mais altos para conseguirem trabalhadores suficientes para as suas fábricas.
A maquinaria que dispensava a mão-de-obra revelou-se uma dádiva do céu: com ela, menos operários podiam produzir o mesmo número de bens. O problema dos altos salários podia ser resolvido temporariamente, substituindo os trabalhadores por máquinas - conhecido hoje como o desemprego tecnológico. Marx pensava que o número de desempregados era suficiente para ser designado um "exército da reserva industrial".
Até agora, tudo bem - para o capitalista. Mas, para além de um certo ponto neste processo, os capitalistas começaram a ser autoderrotados. A nova maquinaria que dispensava mão-de-obra e a produtividade excessiva inundaram os mercados com produtos extra precisamente quando os rendimentos dos trabalhadores estavam a ser restringidos por essa mesma maquinaria. Rendimentos menores significavam menor procura consumista.
Com a queda das vendas, os produtores deixaram de fazer planos para aumentar o stock de capital, produzindo agora bens em excesso e que não podiam ser vendidos. Eventualmente, o declínio provoca desemprego, menores salários totais, e a queda do rendimento nacional. Até esta fase, Marx antecipara-se à teoria de John Maynard Keynes de procura total insuficiente.
As falhas da visão de Marx
... substimou a resistencia do capitalismo reformado e a eficácia dos apelos patrióticos aos trabalhadores. Também não previu as aspirações da classe trabalhadora a um estilo de vida capitalista. Do sistema que Marx queria derrubado só restam agora vestígios e, consequentemente, diminuiu o potencial da revolução contra a indústria.
Alfred Marshall:
o grande vitoriano
"a teoria do valor" (...) À imitação de muitos dos neoclássicos, Walras definiu capital como máquinas, instrumentos, ferramentas, edifícios para escritórios, fábricas e armazéns. Esta classificação, mais estreita que a de Smith, transforma o capital numa das diversas contribuições produtivas, no mesmo pé que o trabalho e a terra. Quando o capital se torna mais importante, como observou Marx, o mesmo sucede aos capitalistas.
Prazer e dor na margem
Uma coisa promove o interesse do indivíduo e a comunidade quando tende a aumentar a soma total dos seus prazeres ou a diminuir a soma total da sua dor. O hedonismo (a doutrina que diz que tudo quanto for bom é também, necessariamente agradável) é o alicerce do cálculo marginalista, maximiza o prazer enquanto minimiza a dor.
O ponto de mudança para o prazer ou a dor chama-se margem.
homem económico (...) Os marginalistas imaginavam um mundo em que as pessoas agiam em resposta apenas a motivos conscientes e consistentes, inclinações ou desejos. Nada é caprichoso ou experimental; tudo é deliberado.
A ponte marginalista
lei da utilidade marginal decrescente... tal como a quantidade de qualquer mercadoria que um homem tem de consumir, aumenta, assim a utilidade ou o benefício derivado da última porção utilizada diminui em grau.
O valor do último pedaço, o menos querido, estabelece o valo de todos.
Como os marginalistas andavam à procura de uma teoria do valor, tinham de ligar a decrescente satisfação marginal ao preço e às quantidades procuradas. Desta forma se cria um programa de procura deslizante.
Como os economistas clássicos, os primeiros marginalistas pensavam nas leis económicas como leis naturais.
Os economistas clássicos estavam fundamentalmente preocupados com a produção a longo prazo. Assim, enquanto David Ricardo enfatizava o custo da produção a longo prazo (oferta) como a principal determinante do valor das mercadorias, os primeiros marginalistas focavam a procura a curto prazo.
O marginalismo e a teoria da distribuição
lei dos dividendos decrescentes: se o total do capital, terras e capacidades empresariais de um produtor permanece constante enquanto aumenta o trabalho, então o resultado de cada trabalhador diminuirá porque esse trabalhador tem cada vez menor participação nas comparticipações em presença... os pagamentos salariais totais aos trabalhadores provenientes de tais acordos tendem a igualar a parte do produto de indústria que chega à própria mão-de-obra.
De acordo com [John Bates] Clark (1847-1938), a distribuição e a acumulação do rendimento e da propriedade são um reflexo, no tempo, do valor marginal da pessoa no processo de produção.
Marshall e os encantos neoclássicos
da Inglaterra vitoriana
Marshall iria preservar a herança dos economistas clássicos enquanto remodelava o seu pensamento com o marginalismo e algumas ideias suas: daí a aptidão dos neoclássicos. Diferia um tanto dos clássicos ao dar espaço a modestos afastamentos do laissez-faire rumo a cautelosas reformas. Desviou a atenção da economia da luta entre classes trabalhadoras e capitalistas e apontou para indivíduos anónimos e pequenas firmas "representativas".
[Marshall] Era um discípulo do progresso evolutivo darwinista, da moralidade cristã e da ética utilitarista de Bentham. Para Marshall, o progresso evolutivo significa que a sociedade inteira melhorava materialmente, não apenas os poucos esforçados. A sua tendência filosófica geral pode ilustrar-se com uma passagem em que descreve o que sentiu em relação à economia quando pela primeira vez começou a estudar este assunto: "As suas fascinantes inquirições das possibilidades de um mais alto e mais rápido desenvolvimento das faculdades humanas fez-me entrar em contacto com a questão: até onde as condições de vida das classes operárias britânicas (e outras) são suficientes para a plenitude da vida?"
Marshall concentrou-se no rigor teórico de Ricardo e começou a envolver-se com diagramas e álgebra, descobrindo a moderna diagramática da economia.
Segundo Joan Robinson, a moral de Marshall "... provinha sempre do princípio de que tudo quanto existe, é quase sempre o melhor".
As contribuições de Marshall
Embora a utilidade marginal se situe algures atrás do conceito de procura de Marshall, ele queria reduzir a subjectividade não cientifica da utilidade usando o dinheiro como instrumento de mediação (como Bentham sugerira) tal como os quilovátios-hora medem o uso da electricidade de qualquer tipo. Para evitar o dilema de Bentham em que a utilidade marginal do dinheiro ou do rendimento era também diminuto, Marshall impôs uma constância à utilidade marginal do dinheiro.
Os outros marginalistas diriam que se um fato é-nos três vezes tão útil como um par de calças, então, pagaremos $30 pelo fato e 10 pelas calças. Marshall alterou isto, dizendo que, como estamos dispostos a pagar três vezes mais pelo fato do que pelas calças, o fato é três vezes mais útil. A explicação de Marshall adapta-se melhor aos economistas de hoje porque os preços são quantificáveis em unidades monetárias, enquanto a satisfação psíquica é difícil senão impossível de medir.
A oferta e a procura segundo Marshall
A contribuição mais importante de Marshall para a economia foi combinar a teoria da produção dos autores clássicos com a teoria da procura dos marginalistas na famosa "cruz marshalliana" que, por sua vez, se tornou na base da "teoria do valor" neoclássica. Este agora exemplo clássico de equilíbrio estático na economia é a explicação que Alfred Marshall dá de preço de equilíbrio mantido pelas forças da oferta e da procura.
Custos marginais ascendentes garantem uma curva de oferta ascendente.
A ideia de a quantidade de procura aumentar quando o preço cai vem do conceito marginalista de utilidade marginal decrescente. Esta é a lei da procura normal. Todas as forças atingem um equilíbrio quando as curvas de procura e de oferta se cruzam fornecendo um preço de equilíbrio e a revolução marshalliana. Outras forças, como o rendimento ou as mudanças de custo, podem alterar as curvas da oferta e da procura e daí resultará um novo preço de equilíbrio.
"A elasticidade ou compreensividade da procura num mercado é grande ou pequena conforme a quantidade procurada aumenta muito ou pouco para um dado aumento de preço." (...) a mudança de percentagem em quantidade procurada dividida pela mudança de percentagem no preço.
Suponhamos que o custo de cada unidade extra produzida excede o custo do incremento anterior a ela. Então, temos uma curva de ascendente de oferta em que o preço já não é decidido pelo custo médio de produção mas antes pelo custo marginal de produção. Assim, o custo marginal é equiparado à utilidade marginal do consumidor por um preço de equilíbrio. O preço (valor) é determinado simultaneamente com os totais procurado e oferecidos.
O ponto de equilíbrio torna-se a base de uma "teoria do valor" e eventualmente o "valor" torna-se sinónimo de "preço", pelo que os economistas usam agora o termo "teoria do preço".
Marshall escreveu que "a doutrina de que os ganhos de um operário tendem a ser iguais ao produto líquido do seu trabalho não tem em si qualquer significado real; porque, para calcular o seu produto líquido, temos de tomar como garantidas todas as despesas de produção da mercadoria em que ele trabalha, para além do seu próprio salário." Marshall considerava errado falar de produtividade marginal à parte dos efeitos das diversas instituições, como as guildas e firmas sobre salários e a distribuição de rendimentos.
A comparação com o equilíbrio de Walras
[teoria do tacteamento] Tanto compradores como vendedores por tentativa e erro descobrem o verdadeiro preço de equilíbrio antes de terem efectuado o intercâmbio de qualquer bem.
Marshall introduziu a ideia de equilíbrio parcial. Enquanto o equilíbrio geral walrasiano era exactamente como uma solução de qualquer sistema de equações simultâneas, Marshall estava disposto a pegar num mercado num dado momento e isola-lo do resto da economia.
Marshall viu erros na abordagem de Walras e sabia que a matemática exigida para a solução adequada ao sistema geral não era então conhecida.
Na intuição de Marshall, os equilíbrios em mercados variados estão sujeitos a disrupções súbitas.
A grande influencia de Alfred Marshall
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